11/01/2012

Aniversário acontece todo ano

Hoje é meu aniversário de 24 anos.
Além do calendário cristão, também é meu aniversário de ciclo astrológico. Quando digo que sou uma tartaruga é a pura verdade: meu ciclo é de 12 anos. É uma duração longa, de modo que o meu desenrole é devagar devagarinho. A cabeça funciona a mil mas a fala é lenta, a concretização é lenta, tudo é meio lento. Faço muito vou-e-volto até de fato ir, mas quando vou, viro. Hoje não é somente mais um ano, mas o início de um novo ciclo, o marco zero, e o quão doido isso é, só eu sei. Só eu sinto o que vivo agora.

Dizem que a vida é uma só, que só se vive uma vez, entre outras coisas reducionistas. Eu discordo. A vida é um milhão, e é por isso que a gente tem que se revirar inteiro. Cada dia é uma vida diferente, cada dia você se depara com as mesmas questões, mas não se engane: o universo exige que se faça diferente. A cada dia você se depara com as pessoas a sua volta reagindo da mesma forma, e isso deve ser um duplo incentivo para fazer diferente. Temos que tomar propriedade da nossa própria repetição, pois essa é a dinâmica que existe. Todos são uma repetição de seus pais, e depois de si mesmos, exaustivamente até a morte. A vida não é uma só. A vida contém milhões de vidas, você contém milhões de vidas que vieram antes de você. A nossa linha do tempo é totalmente fragmentada. Temos muitas mortes dentro de uma vida, mortes altamente pessoais. Quem não tem a capacidade de se deixar morrer quando for a hora acaba levando quem está em volta. Tudo tem sua hora, então deixe morrer.
Talvez pela lentidão do meu ciclo, tenho muito tempo para contemplar a morte das coisas. Definitivamente não tenho medo da morte.

Meu ciclo pede paciência e amor -- com os outros e comigo mesma.
Paciência para encarar o sonho de uma vida, uma década de expectativa. Amor pra curar o pavor e tornar tudo menos rígido. Amor pelo que faço, mas um amor leve.
Paciência para aguentar um dia inteiro em casa, escrevendo. É a segunda vez que tento, que largo tudo. Só pode ser assim. A lentidão me impede de fazer duas coisas ao mesmo tempo, é escrever ou nada.

Que loucura é o caminho da tartaruga!
Que loucura é o nosso caminho!

As vezes preciso de uma ajuda... e já tem tempo que ela não aparece. Mardulce, a gêmea de cabeça pra baixo na carta de baralho. Mardulce não sabe fazer conta nem falar no telefone. Gosta só de se divertir. Não tem responsabilidade nenhuma. Mardulce é a carta zero do meu tarot interno. Mardulce é o Louco, o marco zero.
Morri de saudades de Mardulce! Escrevi o nome dela na parede do escritório, pra ver se vinha. Veio! O número dela em cima da cabeça, flutuando.

Todos nascemos como o Louco do Tarot, e é ele quem puxa todas as outras cartas. Ele é que faz andar. Abra a porta pro Louco de tempos em tempos. Se ele não vier, chame.

Mardulce vai tomar um banho de água salgada. Começa a sair um solzinho e o céu vai ficando azul. Obrigada, deuses!

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