03/07/2012

01.Paris______________________________PARIS

Estou em Paris.
Se meu celular fosse moderno, eu faria questão de que todas as redes sociais disparassem que eu checked in Paris. Já que isso não acontece, preciso eu mesma alardear.
(além do mais, o celular é vagabundo e pifou)

Eis porque é importante, para mim, alardear que estou em Paris:
> Capital mística & libertina do mundo -- porque o Egito é místico em sua máxima potência, mas é um misticismo abafado. (se eu botar um asterisco aqui será tão grande que vai ficar chato. quem sabe outro dia)
> Encontro vários outros fenótipos similares pelas ruas -- e os franceses continuam achando que eu pareço a Betty Blue, o que me vinga por todos os anos da infância onde eu fui chamada de dentuça.
> Família, e puramente isso. Cidade da sogra, casa da sogra com janelas onde somente eu sobre eu poderíamos tocar o cume de madeira antiquíssima. E no mais, a própria sogra, palavra muito utilizada em piadas que não me fazem nem rir de compaixão. Se uma legião de pessoas reza o Ave Maria em homenagem aquela que uterinou Jesus o próprio, eu rezo uma Eva Maria por aquela que pariu o meu amado extraterrestre. Meu sentimento é tão entranhado que, ao invés de "eu te amo", poderia soltar um grunhido.

Aos poucos, a adrenalina baixa.

Só pego avião com roupa de ginástica. Pronta pro abate, pronta para correr, pronta para me atirar de pará-quedas ou em queda livre. Vôo Rio-Paris é puro abate, carnificina. 12h dentro de um avião cheio de pulgas. A coceira só aparece quando o efeito do tranquilizante passa. Mas eu sou toda enfrentar medos. Bem acompanhada, no conforto do bico do avião, jantando codorna recheada, reduzi a dose por um terço e me diverti. Como diz minha amiga com nome da heroína da "Divina Comédia", eu preciso superar essa merda. Não posso limitar meu espaço por causa do medo da carcaça voadora medieval. Não posso ficar escrava da pilulinha azul. Porra. Seja homem, Duda. Digamos que fui Valete de Paus, não cheguei a majestade, mas vamos lá.

Paris ensolarada diz oi. Deito na cama e durmo até as 18h. Seis da tarde, horário de Paris. No Rio de Janeiro são tipo uma da tarde, creio eu. Meu celular pifado tá no horário carioca, meu computador que não me deixa na mão tá no horário francês. É equilíbrio perfeito.
E o sino lá fora avisa de hora em hora, que nem o relógio da minha cozinha.

Agradeço a cada minuto por olhar pela janela e ver o Jardin du Luxembourg.


  Eu e a xícara prato-de-sopa, prazer infantil de beber nela

Um comentário:

letrúcia disse...

ave eva uva, duda. nossa, quanta perturbação e beleza. agradeço.