02/03/2012

O tempo, a esfinge

Tem 20 dias que não posto, que vergonha.
Impressionante como o estilo de vida é que conta o tempo. Ano passado eu conhecia cada segundo de cada minuto, sentia a hora; estava incrustado na pele, assim quanto-tempo-passou e quanto-tempo-tem. Agora que meu tempo é escrever e ler e estudar, a medida é diferente. A palavra tem outro tempo, e o que acho que são 10 na verdade são 16 ou 17. Não sou mais mulher de horas cravadas, mas de vírgulas, um número que sobra aqui e ali, que não chega a atrapalhar mas as vezes confunde, e as vezes eu levanto correndo porque falta meia hora prum compromisso, e eu não vi o tempo passar, ou melhor, vi, só que vi diferente, com a marcação das letras.
A marcação das letras é muito diferente de qualquer outra coisa. Em uma hora a gente cria uma vida. Eu fico olhando o buraco de céu da varanda e pelo azul, tento adivinhar. Mas o sol acaba virando cenário, e a vida nas varandas do prédio da frente inspira, e lá vai a personagem do meu livro por outra esquina, e eu nem sei mais que horas tem.

Também descobri, nesse tempo, quando brota meu lado ascendente pisciano. O que eu achava que era do turrão capricórnio, na verdade é peixes, que sempre pensei sereno, mas caí em mim. Onde já se viu Netuno, ou Posêidon, ser calmo & carinhoso? O peixe é nervoso, muito nervoso, ainda mais dentro do aquário. Do aquário já me livrei, mas talvez tenha mudado apenas prum tanque maior. As vezes encosto nas paredes e começo a me debater. Não que nem cabra, mas que nem peixe.


Atualmente escrevo pra três lugares.
Pra mim (meu livro).
Pra uma revista digital (ainda em negociação).
Pro site RioEtc, onde participei de uma eleição que não ganhei, mas ganhei uma coluna, o que é muito muito muito mais incrível. Ou seja, ganhei.

Todos os domingos, publicarei na seção "Crônicas Cariocas", que já existia, mas não tinha periodicidade. Basicamente, escrevo sobre a cidade, a minha cidade, Rio de Janeiro. A cidade que é a folha em branco das minhas histórias, das minhas vivências e sobrevivências. Minha coluna tem endereço imutável. Quero convidar a todos aqui do blog a acompanharem, pois é feita com carinho e publicada com mais carinho ainda.

Se eu faltar por aqui, tô lá.
Não por falta de palavras, mas talvez por falta de noção de tempo. 

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